Era a manhã de um novo sábado, já faz uma semana que estou ignorando completamente o Vinicius e para ser sincera, acho que nem está fazendo falta como eu pensei que sentiria. Não pelo fato dele não ter me procurado, coisa que ele fez nas 24 horas de toda essa semana, mas por ter me apegado tão fácil e tão rápido. Claro que estou sofrendo, mas talvez seja melhor assim. Quero acreditar nisso.
Você deve estar pensando o tanto que sou má e sem coração por não responder às suas chamadas. Ele nunca entenderia o que se passa na minha cabeça e não quero me decepcionar. Não de novo. Então, com certeza é melhor assim. Ele daqui uns dias nem vai lembrar da minha existência e eu vou poder voltar à minha rotina, sem me preocupar de encontra-lo esperando na saída da faculdade.
Eu deveria ter ouvido toda essa bagunça interna. Deveria ter levado em consideração essa voz que grita, constantemente, me chamando atenção e implorando para parar. Não dei ouvidos, achei que sabia o que estava fazendo e olha só a bagunça que eu fiz.
Criei coragem para levantar da cama, o sol já raiava forte lá fora e meu estômago não parava de roncar. Ao passar pela porta de entrada, notei 3 novos envelopes e como de rotina, ignorei. Fui para cozinha, peguei as sobras que estavam na geladeira e fiz um almoço rápido. Lavei as vasilhas, limpei a geladeira, o chão e lustrei os móveis. “Tudo limpo para tudo ficar certo”, era o que passava na minha cabeça.
No meio dessa arrumação, tirei os envelopes dele que insistiam em aparecer todos os dias na minha porta e ao guarda-los na caixa em baixo da minha cama, não pude deixar de notar que dentro de um deles havia uma foto revelada que tiramos no dia que brigamos. Meu coração acelerou e uma lágrima rolou do meu olho quando eu percebi o que estava fazendo. Imediatamente abri todos os envelopes. Ele estava desesperado: “Você sumiu, não faz isso comigo.”, “Pelo amor de Deus, Alice, o que está acontecendo?”, “Estou muito preocupado, o que eu fiz? Me perdoa, me dá uma nova chance…”
A culpa não era dele. Essa bagunça é minha e eu não queria envolve-lo nisso tudo. Perdão, anjo. Perdão… Não queria que nada disso tivesse acontecido. As coisas não podem ficar assim. Ele não está entendendo nada e sozinho nunca entenderá. Ele precisa de mim e eu dele. “Você não pode ir atrás dele, Alice.”, a voz praticamente esgoelava dentro da minha cabeça e eu só queria sair daquele quarto correndo e ir de encontro ao meu amor. Ele precisa saber quem eu realmente sou e cabe à ele decidir se quer continuar comigo nessas condições.