Fica ou vamos juntos? | Namorada Criativa - Por Chaiene Morais
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Fica ou vamos juntos?

Você arruma suas coisas. Começa a guardar tudo que é necessário por pelo menos uma semana dentro de uma mala, senta apoiando na cama com a cabeça entre as mãos várias vezes, olha pela janela ou pra dentro do banheiro absorto em seus pensamentos e com aquela expressão dura e fria que eu tanto abomino.

Eu estou sentada no sofá enrolada em uma manta, estou tão quieta e imóvel que acho que você pode ouvir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, até mesmo minha respiração é inaudível. Já nem lembro mais o motivo da briga e nem me importo com isso. Na hora da raiva dissemos coisas que talvez nem fossem verdades, mas continuam ecoando na minha cabeça.

Quero te pedir pra ficar, mas não tenho forças pra levantar do sofá. Será que você está pensando que quer ficar também? Você chega à sala com sua mala na mão. Evitamos contatos visuais. Você se senta à minha frente, calado, respira fundo, suspira, coça a cabeça e esfrega o rosto. E eu penso “para com essa luta interna, fala logo o que você quer dizer ou não fala nada e vem aqui me abraçar”.  No décimo suspiro, você fala: “Estou indo para um hotel até arrumar um lugar pra ficar, pode guardar as minhas coisas até eu me ajeitar?”.

Porque você não se ajeita bem ali, na nossa cama, no lugar ao qual você pertence?  Não respondo nada, parece que perdi a habilidade de me comunicar. É julho, está frio e chovendo.

Você levanta, abre a porta e desce as escadas. Vou até a janela e te vejo ligar para o táxi. Com um disparo súbito de energia grito seu nome pela janela, abro a porta e desço correndo as escadas, de pijama e descalço.

Você me olha, larga sua mala e me segura forte. Te agarro pelos ombros, olho no fundo dos seus olhos, junto toda a minha coragem e digo “Só me escuta, não fala nada..eu sinto muito, sinto muito pelas brigas e discussões, sinto muito pelas noites em que dormimos sem nos falar e pelas minhas birras, mas pelo que eu sinto muito mesmo é por você estar indo embora agora. Sabe que somos assim, é isso que nós fazemos, brigamos e discutimos, mas depois você esquenta o meu pé de noite ou eu faço chocolate quente pra nós dois no frio e fazemos as pazes naturalmente. Depois de acalmar os ânimos, sentamos e conversamos e sempre chegamos a um consenso. Mas você não vai embora, assim como eu também não vou. Você não vai embora porque o meu brigadeiro de panela é o melhor do mundo ou porque os vizinhos sempre ligam reclamando dos nossos gritos quando assistimos futebol. O ponto é, não vamos embora porque nos amamos acima de qualquer coisa e nada nos deixa mais feliz do que termos a companhia um do outro depois de um exaustivo dia de trabalho. Você é a minha casa, é o meu lar e não vejo sentido nenhum em ficar nesse apartamento sem você. Seria como viver em um mausoléu, então se você tiver mesmo que ir, me leve junto. Eu te amo e isso não diminui nada em todos esses anos. Fica ou vamos juntos?”.

Você me olha nos olhos do jeito mais doce do mundo e me beija e diz entre meus lábios “tamo junto, ferinha”. E aqui estamos nós, sozinhos com a nossa velha companheira: a chuva, ensopados, mas extremamente aquecidos pelos nossos sentimentos.

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