Um texto sobre partidas | Namorada Criativa - Por Chaiene Morais
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Um texto sobre partidas

Leia ouvindo: I’m Already Gone

Não sou de conversar, muito menos desabafo meus problemas para os mais próximos. Na verdade, não tenho ninguém próximo o suficiente para poder vomitar palavras que ardem no meu peito vazio. E mesmo que tivesse, qual diferença faria? Magicamente meus problemas encontrariam suas próprias soluções, pessoas implorariam por perdão e ele pediria para voltar? Não, não vai acontecer isso. 

Então eu optei por ficar quieta, não dizer nada, só sentir essa dorzinha martelando cada vez mais fundo, tirando todas as chances que eu teria de sorrir em um sábado qualquer. Essa dor que me avisa todos os dias que ele não está mais aqui. Fugiu antes que o circo pegasse fogo e cá estou eu, em chamas. 
Não o culpo por ter ido embora. Acho que se fosse ao contrário, eu nem compraria o bilhete. Quem se apaixona por uma louca impulsiva? Ninguém em sã consciência. E esse foi o problema. Logo ele que é tão racional acabou se metendo nessa enrascada. Desculpa, não era a minha intenção, mas não pude evitar e desviar os meus olhos quando eles insistiam em ficar pousados nos seus. 
Foi instantâneo. Foi conto de fadas no início e agora virou drama mexicano. Agora é cada um no seu canto e uma esperança chata coçando. “Ele não vai voltar” é o que eu repito todas as horas do dia, tentando inutilmente acreditar nessa verdade. Verdade dura, que machuca e me revira por dentro. 
Ele foi embora e se quer olhou para trás. Não pensou duas vezes, levantou da cama, juntou as poucas coisas que pertenciam à ele, jogou tudo no carro e nem aceitou uma mala emprestada. Sabia que teria que devolver algum dia e reencontrar não era uma opção. 
O problema é que não levou só suas coisas. Levou tudo que restava de mim. Levou meu ar, meu chão, minhas paredes, meus sonhos e tudo que eu achava que era meu. Mas o amor ficou. Está ali no canto do quarto, intacto. Guardadinho numa caixa, esperando para ser aberto de novo e dominar tudo ao redor. Coitado, mal sabe que isso está longe de acontecer. Longe é pouco. 
Não tenho mais forças para guardar palavras, manter essas dores, esperanças e uma caixa. Eu preciso gritar. Respirar de novo. Eu necessito colocar para fora, por mais que não resolva, por mais que o grito seja alto o suficiente para ele ouvir e no fundo, não querer escutar.
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